Tal como o coelho
de Alice no País das Maravilhas
estamos sempre correndo,
sempre atrasados,
sempre com muita pressa.
Desta forma não temos tempo
de pensar nos grandes amigos
ou meros colegas
que passaram por nossas vidas.
É triste, é doído, é estranho
de repente vão-se esvaecendo as imagens,
os detalhes, os contornos dos rostos antes tão presentes.
Quem, ainda, se lembra de Haroldo Vasconcellos Jordani,
o famoso Mister Magoo,
um sarrista de primeira ordem.
Quem se lembra de Floresti Volpato Muraro,
um perfeito casmurro de alma boa,
que sempre dizia “certo tá”.
Quem se lembra de Gilberto de Carlli Faquinello,
um moço ranzinza de sorriso fácil.
Quem se lembra de Jorge Kendi Matsusaki,
um japonês, com sentimentos a flor da pele.
Quem se lembra de Artur Menin Filho,
um homem enorme com coração de criança.
Quem se lembra de Teodósio Zdebski,
um sonhador, que garimpava as melhores palavras
pra não ofender ninguém.
É, eles se foram para outra dimensão,
onde não há pressa, não há esquecimento.
Por isso, tomara que de nossas lembranças
eles nunca deixem de existir.
Que num lampejo de sonhos
como numa conversa casual
possamos relembrar de momentos especiais,
a fim de que eles não se tornem
meras sombras de passados esquecidos.
Daniel Mauricio