quinta-feira, 9 de junho de 2011

NOITE NOS OLHOS


OLHOS NEGROS
COMO NOITE SEM LUA,
SEM ESTRELAS.
APAGADOS,
ASSUSTADOS,
ESBUGALHADOS,
FIXOS NO NADA.
PEQUENA FERA PERSEGUIDA,
ACUADA,
MACHUCADA,
SORVE DA NOITE A ESCURIDÃO.
ENEGRECE A ALMA
NOITE FANTASMA
A LÍNGUA AMARGA
NEM LEMBRA POR ONDE PASSOU.
VIDA TRISTE, PEQUENA E BESTA
É NOITE NOS OLHOS
O RESTO É ILUSÃO.

Daniel Mauricio



terça-feira, 7 de junho de 2011

SOMBRAS ESQUECIDAS ?

Tal como o coelho
de Alice no País das Maravilhas
estamos sempre correndo,
sempre atrasados,
sempre com muita pressa.
Desta forma não temos tempo
de pensar nos grandes amigos
ou meros colegas
que passaram por nossas vidas.
É triste, é doído, é estranho
de repente vão-se esvaecendo as imagens,
os detalhes, os contornos dos rostos antes tão presentes.
Quem, ainda, se lembra de Haroldo Vasconcellos Jordani,
o famoso Mister Magoo,
 um sarrista de primeira ordem.
Quem se lembra de Floresti Volpato Muraro,
um perfeito casmurro de alma boa,
que sempre dizia “certo tá”.
Quem se lembra de Gilberto de Carlli Faquinello,
um moço ranzinza de sorriso fácil.
Quem se lembra de Jorge Kendi Matsusaki,
um japonês, com sentimentos a flor da pele.
Quem se lembra de Artur Menin Filho,
um homem enorme com coração de criança.
Quem se lembra de Teodósio Zdebski,
um sonhador, que garimpava as melhores palavras
pra não ofender ninguém.
É, eles se foram para outra dimensão,
onde não há pressa, não há esquecimento.
Por isso, tomara que de nossas lembranças
eles nunca deixem de existir.
Que num lampejo de sonhos
como numa conversa casual
possamos relembrar de momentos especiais,
a fim de que eles não se tornem
meras sombras de passados esquecidos.

Daniel Mauricio

quarta-feira, 1 de junho de 2011

BELEZAS


É a borboleta que dá cor à flor?
Ou é a flor que empresta a cor à borboleta?
É a liberdade que dá asas?
Ou são as asas que permitem a liberdade?
Pouco importa.
O importante é poder desfrutar
Da beleza, da leveza, da agilidade,
Do colorido da magnífica borboleta.
Borboleta inseto
Borboleta sexo
Borboleta mulher.

Daniel Mauricio

ODALISCA

Elaine
meu sangue mouro
pulsa forte no peito
gritando pelo teu nome,
louco de desejos.
Corpo magnífico
torre majestosa
embriaga meus olhos
que não se cansam de admirar.
Na escalada do amor
tira o meu ar
enfraquece meu corpo
mas eleva minha alma de alpinista
aos píncaros da emoção.
Meus pensamentos
são folhas secas que se desprendem,
e levadas pelo vento
vão em busca do teu cheiro de mulher.
Oh, deusa do meu amor perdido
é prazeroso tocar sua pele macia,
passar a língua vagarosamente
no teu baixo ventre
que entre arrepios e gemidos quentes
enlaça-me como serpente
esgotando o meu ser.
Mamilos suplicantes
frutos da antiga Pérsia
saciam minha sede.
Em minha tenda de tuaregue do deserto
sinto-me um poderoso sultão.
Vem, odalisca preciosa, doce Sherazade,
olhos esverdeados ou seriam multicor?
Entre véus e pedrarias
me seduz com a dança do amor.

Daniel Mauricio