sexta-feira, 20 de maio de 2011

OLHOS VERDES

Na confusão dos meus pensamentos noturnos
surgem teus olhos verdes,
nítidos e silenciosos
a percorrer gulosamente o meu corpo.
Absinto, esmeraldas,
pedras de fogo em verdes oceanos
a embriagar a minha alma.
Alma cativa, que deixa-se perder na imensidão do verde,
na esperança de encontrar, em ti, o amor perdido.
Corpo desnudo,
praia de areia branca
vestido apenas pelo manto da sensibilidade
sob a luz esquálida do luar.
Despertam os sentidos...
Lábios entreabertos sedentos de beijos.
Orquídea rara
aninhada ternamente em lençóis de algodão egípcio.
Na conjugação do amor
leque chinês
corpos-borboleta se elevam aos céus
em pleno vôo de puro êxtase.
Batem os sinos, corações em desatino
pulsam abafando os gemidos
sob o coro do paraíso.
Ah, Denise, dona dos olhos verdes
em teus braços desfaço meu cansaço
descobrindo segredos antigos
até então, pra mim, enigmas secretos.
Arre, arre! Rendo-me ao verbo verdejar.

Daniel Mauricio

sexta-feira, 6 de maio de 2011

INFÂNCIA


CHOVIA

          a
e
        i
                o
    u

MEU  PRIMEIRO
DIA  DE  AULA.


 Daniel Mauricio

ETERNA AUSÊNCIA

ESSE  TEU  OLHAR
ABRIU  UMA  JANELA
EM  MEUS  ARQUIVOS.
REVIVI  A  MESMA
PAIXÃO.
SENTI  CALADO
A  MESMA  AUSÊNCIA 
DE  OUTRORA.
  
 Daniel Mauricio

PÁSSARO FERIDO

                          ESCORRIA  A  POESIA.
O  AMBIENTE  CONSPIRAVA.
OS  LÁBIOS  ENTREABERTOS
RESFOLEGAVAM
SUPLICANTES.
ESCORRIA  A  POESIA.
AS  PERNAS  TREMIAM.
NUM  MOVIMENTO  DE  ANCAS ...
PÁSSARO  FERIDO  EM  MEUS  LENÇÓIS.
ESCORRIA ...
PURA  SEDUÇÃO.

Daniel Mauricio

RODA D' ÁGUA


NA

         FAZENDA

                   DO

                            VOVÔ
TEM

                   UMA






RECUPERAÇÃO

LÍNGUA.
LÍNGUA QUE  LINGUOU
MINHAS  FÉRIAS.
LÍNGUA  PORTUGUESA.
LÍNGUA  QUE  OS  BRASILEIROS
TAMBÉM  LÍNGUAM.

Daniel Mauricio

ENVELHECER

O tempo.
Sempre.
Amigo, às vezes inimigo.
Contínuo.
Sempre cavalgando com o vento.
Ah! quando eu crescer ...
Ah! quando eu ficar grande ...
Quero ser isso ... aquilo ...
Quero fazer ...
Quero ter ...
O eterno querer.
O eterno sonhar.
De repente, as temporais embranquecem.
Um frio na espinha.
O que fiz?
O que sou?
O que tenho?
O eterno marcar do relógio.
É, menino grande
os sonhos também envelhecem.

Daniel Mauricio

CAFÉ PRETO SOLIDÃO

A chuva cai ...
Talvez os olhos que choram.
O vento sopra ...
Talvez a solidão que espreita.
Tomo meu café preto.
Tomo meu café pre
                               to
Talvez seja a saudade pedindo
pra mais uma noite
                              ficar


Daniel Mauricio

TEMPO

Era o mesmo céu,
a mesma lua,
o mesmo mar.
Só não era mais
o mesmo eu,
o mesmo você.

Daniel Mauricio


Alma Gêmea

ELIANE
Em lugares incertos
em vão vagueia
meu pensamento
em busca aos teus.
Sonhos são sonhos
imagens imperfeitas
que refletem a solidão.

Daniel Mauricio

DESAGUAR DO AMOR

LIA
LI EM TUA PELE MACIA
COMO SE CEGO FOSSE
EM BRAILLE,
A LINGUAGEM DO AMOR
UVA ITÁLIA
VINHO INEBRIANTE
QUE ME AQUECE DO FRIO.
GEMIDOS RESFOLEGANTES
CORPOS FEBRIS
EM MOVIMENTOS INSTINTIVOS
DILATAM-SE AS VEIAS
EM TI, LEOA MOLHADA
DESÁGUO O MEU PRAZER

Daniel Mauricio